
Novembro de 1994: uma data histórica para a ornitologia brasileira. Há mais de 30 anos, nas matas de cabruca de Arataca, Bahia, era descoberto o Acrobatornis fonsecai, popularmente conhecido como Acrobata, um pássaro singular que se tornou um símbolo da rica biodiversidade associada a esse sistema de produção de cacau.
A descoberta, feita pelos pesquisadores Paulo Sérgio Moreira da Fonseca e Fernando Pacheco, revelou uma ave tão peculiar que, em 1996, foi classificada em um novo gênero. Suas habilidades acrobáticas e sua dependência do ecossistema complexo da cabruca o tornaram um ícone da conservação.
As matas de cabruca, um sistema agroflorestal tradicional que combina o cultivo de cacau com a preservação da floresta nativa, oferecem o habitat ideal para o Acrobata. A sombra das árvores, a diversidade de insetos e a complexidade estrutural da floresta garantem sua sobrevivência. Este sistema, diferente dos monocultivos intensivos, mantém alta biodiversidade vegetal e animal, servindo como importante corredor ecológico.
O Acrobata, com sua dieta baseada em insetos e sua agilidade única entre os furnarídeos, desempenha um papel crucial no equilíbrio do ecossistema. Sua existência destaca a importância da preservação das matas de cabruca, não só para a sua sobrevivência, mas para a manutenção da biodiversidade como um todo.
Os mais de 30 anos da descoberta do Acrobata são um marco que reforça a necessidade da continuidade da pesquisa científica, da implementação de políticas públicas que incentivem a prática sustentável da cabruca, e da conscientização sobre a importância da conservação da biodiversidade e da valorização dos sistemas agroflorestais tradicionais. A pequena ave, símbolo da rica biodiversidade da Bahia, precisa ser protegida.